O art déco apresenta-se de início como estilo luxuoso, destinado à burguesia enriquecida do pós-guerra, empregando materiais caros como o jade, a laca e o marfim. É o que ocorre, nas confecções do estilista e decorador Paul Poiret, nos vestidos "abstratos" de Sonia Delaunay (1885-1979), nos vasos de René Lalique (1860-1945), nas padronagens de Erté. A partir de 1934, ano de realização da exposição Art Déco no Metropolitan Museum de Nova York, o estilo passa a dialogar mais diretamente com a produção industrial, e com os materiais e formas passíveis de serem reproduzidos em massa. O barateamento da produção leva à popularização do estilo que invade a vida cotidiana: os cartazes e a publicidade, os objetos de uso doméstico, as jóias e bijuterias, a moda, mobiliário etc. Se as fortes afinidades entre arte e indústria, e entre arte e artesanato, remetem às experiências imediatamente anteriores da Bauhaus, a ênfase primeira na individualidade e no artesanato refinado colocam a art déco nas antípodas do ideal estético e político do programa da escola de Gropius, que se orienta no sentido da formação de novas gerações de artistas de acordo com um ideal de sociedade civilizada e democrática.

A despeito de seu enraizamento francês, os motivos e padrões art déco se expandem rapidamente por toda a Europa e pelos Estados Unidos, impregnando o music hall, o cinema de Hollywood (onde Erté vai trabalhar em 1925), a arquitetura (por exemplo, a cúpula do edifício Chrysler, em Nova York, 1928), a moda, os bibelôs, as jóias de fantasia etc. Assim que falar em declínio da art déco na segunda metade da década de 1930 não deve levar a pensar no esquecimento da fórmula e das sugestões daí provenientes, que são reaproveitadas em decorações de interiores, em fachadas de construções, na publicidade etc. No Brasil, a obra de Victor Brecheret (1894-1955) pode ser pensada a partir das influências que sofre do art déco, em termos da estilização elegante com que trabalha formas femininas (Daisy, 1921) e figuras de animais (Luta da Onça, 1947/8). Um rápido passeio pela cidade do Rio de Janeiro pode ser tomado como exemplo da difusão do art déco entre nós, impresso em vitrais, escadarias, decoração de calçamentos e letreiros. O interior da sorveteria Cavé, no centro da cidade, o Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, a Central do Brasil, entre muitos outros, revelam as marcas e motivos art déco entre nós.

A mobilidade, velocidade, eficencia, riqueza e higiene eram identificados com a modernidade e o streamline buscou materializar esses conceitos através da arredondamento das quinas, embutimento das alças e maçanetas para gerar um visual fechado e compacto, aerodinamico. linhas de velocidade eram muito usadas e consistiam em faixas e detalhes cromados que seguiam uma direção de movimento. Todas essas caracteristicas na verdade nâo estavam baseadas em estudos sobre aerodinamica, e na maioria das vezes eram usadas como formulas prontas que buscavam apenas dar beleza aos produtos. Qual seria a funcionalidade de um apontador de lapis, liquidificador, ou caneta aerodinamicos? Talvez suas prorpiedades aerodinamicas sejam úteis para arremessa-los mais longe, mas isso provavelmente nao era tao comum... Assim os mais diversos produtos eram criados como pratos e tigelas que pareciam que pareciam feitos pra voar da geladeira pra mesa, da mesa pra pia (imagine uma briga de casal com essas louças!). Inclusive uma das novidades da epoca, o radio tinha desenhos aerodinamicos.

Porém muitos produtos eram apenas remodelados superficialmente para que parecem novos, e o design muitas vezes teve o único objetivo de camuflar produtos antigos para que parecem modernos, sem nenhuma mudança real. O streamline foi um estilo voltado pro consumo em massa, e naquele tempo (como vemos ainda hoje) fazia-se de tudo para que os consumidores comprassem. Novos modelos, novas cores eram lançados periodicamente para que o cliente comprasse os produtos, mesmo que ja possuíse um semelhante em casa. Porém ao mesmo tempo haviam desgins que eram mais bem desenvolvidos, que além de mudanças estéticas buscavam maneiras de baratear a produçao e manutenção além de melhorar a ergonomia e adaptação dos produtos ao homem. Os desiners mais famosos desse estilo foram Norman Bell Geddes, Waiter Dorman Teague, Henry Dreyfuss e Raymond Loewy, este último incrivelmente famoso em sua época, capaz de promover sua profissâo e a si mesmo a ponto de se tornar quase tâo fomoso cmo uma estrela de cinema. Ele criou o design dos mais divrsos produtos, de canetas, chaleiras, geladeiras até trens, avioes e o interior de uma capsula espacial. Para ele o design era uma maneira de tornar "aerodinâmicas" as curvas de venda dos produtos de seus clientes.